O senhor dos outros: nas veredas da ordem civil, o nascedouro da tirania – diálogos entre Beckett e Rousseau
Palavras-chave:
Contratualismo, estado de natureza, estado civil.Resumo
Em especial das interseções das obras O contrato social, de Jean Jaques Rousseau, e Fim de partida, de Samuel Beckett, investigar-se-á, para além das angústias existenciais dos personagens Hamm e Clov, suas figurações como sujeitos de um pretenso contrato social que no íntimo da obra eclodiria. A partir das passagens textuais de Rousseau: “O homem nasceu livre e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles”, se quer saber quais daqueles personagens são sujeitos simbólicos de cada oração contida nesse parágrafo, e se, no estado de natureza peculiar ilustrado, haveria de surgir um regramento hábil a igualar suas especificidades, admitido o jogo de interesses permanente entre eles como provável entrave ao alcance do estado civil. A peça de Beckett é a figuração do tema a ser discutido, mas não será a única interseção apontada, afinal pretendemos perquirir também a realidade posta, tencionando ver o quantum de ficção pode conter um Estado, no tocante: à passagem de um espaço de anomia para um espaço regrado; à barganha dos sujeitos que comporão esse corpo social; e finalmente, ao jogo de interesses como nascedouro da norma.
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Referências
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