"O bem-amado": um ensaio sobre o jogo de poder na política brasileira contemporânea à luz da literatura
Palavras-chave:
poder, justiça, corrupção, hegemonia cultural, subversividade.Resumo
Este artigo objetiva evidenciar o poder como sendo um fenômeno social ambivalente: pode beneficiar à sociedade ou prejudicá-la; pode proporcionar justiça ou deturpá-la; pode ser incorrutivo ou corrupto. Engano é pensar que todo produto desse fenômeno seja progresso social. Foi na fictícia Sucupira, que Dias Gomes, apresentou o ambiente corrupto e injusto, fomentado pelo prefeito Odorico, o bem-amado. Nesse contexto surge uma inter-relação conflituosa entre o irreverente político, convicto a construir o cemitério municipal, e a classe dominada pela corrupção. Apesar de reconhecer os trágicos problemas da sociedade, o prefeito busca alternativa prometendo soluções mágicas para sanear a situação que cerca o povo. A apreciação desse cenário conduz à conclusão de que a corrupção pressupõe ardiloso processo hegemônico cultural. Introjeta-se a conquista do poder de forma consensual e popular, cuja liderança política e ideológica é exercida por representantes de uma classe. Estimula-se o anseio pelo fantasioso e ilusório mundo, gerando a impressão de que aquele candidato, repleto de propriedades únicas, será a solução para erradicar os problemas sociais. Em generalidade, levada às cegas, a população reproduz aquilo que lhe foi idealizado e defende a verdade implantada nas urnas. O resultado é um governo fundamentado em interesses individualistas.Downloads
Referências
ALVES, Ana Rodrigues Cavalcanti. O conceito de Hegemonia em Gramsci: de Laclau a Mouffe. Lua Nova, São Paulo, 80, p.71-96, 2010.
ARDUINI, Juvenal. Antropologia: ousar para reinventar a humanidade. São Paulo: Paulus, 2002. 171p.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. São Paulo: Paz e Terra, 2006. 172p.
BRASIL. Constituição Federal. 7. ed. Curitiba: Manole, 2015.
CANEVACCI, Massimo. A cidade polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana. São Paulo: Studio Nobel, 2004. 262p.
CHAUÍ, Marilena. Cultura política e política cultural. Estudos avançados, São Paulo, v. 9, n. 23, p. 71-84, jan-abr. 1995.
CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 2007. 103p.
COGGIOLA, O. 10 anos de governo PT – Frente Popular. 2013. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2016.
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do cárcere: volume 1. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1999. 496p.
GOMES, Dias. O bem-amado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. 120p.
GREENE, Robert. As 48 leis do poder. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. 458p.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional: Esquematizado. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. 1560p.
LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. São Paulo: Ática, 2009. 688p.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2010. 232p.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores, 1999. 733p.
MORAES, Denis de. Hegemonia e contra-hegemonia cultural: a contribuição teórica de Gramsci. Revista Debates, Porto Alegre, v.4, n.1, p.54-57, jan-jun. 2010.
MÜLLER, Friedrich. Quem é o povo? A questão fundamental da democracia. São Paulo: Max Limonad, 2003. 132p.
ROMBAUER, E. Democracia polifônica. Página22. Seção Mosaico. São Paulo, 3 jun. 2016.
RUSSELL, Bertrand. A autoridade e o indivíduo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977. 110p.
SILVA, M. F. L. Rui Barbosa, crítico da imprensa. Observatório da imprensa. Seção Jornal de debates. São Paulo, 30 set. 2014.
SIMIONATTO, Ivete; COSTA, Carolina Rodrigues. Estado e políticas sociais: a hegemonia burguesa e as formas contemporâneas de dominação. Rev. Katál, Florianópolis, v.17, n.1, p.68-76, jan-jun. 2014.