O narrador-personagem e adedicatória em “A hora da estrela”: deslocamentospossíveis para a decisão jurídica

Autores

  • Luciana Pereira Queiroz Pimenta Ferreira PUC Minas

Palavras-chave:

literatura, desconstrução, música, narrativa, decisão jurídica.

Resumo

O presente artigo pretende mostrar como a Dedicatória de Clarice, em “A hora da estrela”, ao ser endereçada, por um lado, a figuras ilustres da tradição musical como Schumann, Beethoven, Bach, Chopin, Stravinsky, Strauss, entre outros, e, por outro, aos gnomos, anões, sílfides e ninfas que lhe habitam a vida, projeta e implementa, ao longo da obra, um entrecruzamento literário e musical, que se relaciona a uma concepção de racionalidade conduzida pela sensibilidade. Pretende mostrar, ainda, como a criação do narrador-personagem, Rodrigo S.M., se relaciona à posição da autora frente às concepções de sujeito e linguagem herdadas, em relação às quais ela opera uma desconstrução, o que estabelecerá uma relação entre a narrativa literária clariciana e a estratégia filosófica derridiana da desconstrução. Pretende-se mostrar, por fim, como podem ser pensados deslocamentos na atual concepção de decisão jurídica, a partir das reflexões oriundas dessas duas dimensões, a dimensão musical da e na linguagem e o desdobramento do sujeito entre autor e narrador-personagem em “A hora da estrela”.

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Biografia do Autor

Luciana Pereira Queiroz Pimenta Ferreira, PUC Minas

Doutora em Direito Processual, pela PUC-Minas, e Mestre em Filosofia Social e Política, pela UFMG. Coordenadora do Projeto Direito e Literatura, desenvolvido na PUC Minas, vinculado Grupo de Pesquisa registrado junto ao CNPq, Direito e Literatura: um olhar para as questões humanas e sociais a partir da Literatura. Professora das disciplinas de Filosofia do Direito e Hermenêutica e Argumentação Jurídica, no curso de Direito da PUC Minas, desde fevereiro de 2001.

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Publicado

2016-07-18

Edição

Seção

GT 1