O narrador-personagem e adedicatória em “A hora da estrela”: deslocamentospossíveis para a decisão jurídica
Palavras-chave:
literatura, desconstrução, música, narrativa, decisão jurídica.Resumo
O presente artigo pretende mostrar como a Dedicatória de Clarice, em “A hora da estrela”, ao ser endereçada, por um lado, a figuras ilustres da tradição musical como Schumann, Beethoven, Bach, Chopin, Stravinsky, Strauss, entre outros, e, por outro, aos gnomos, anões, sílfides e ninfas que lhe habitam a vida, projeta e implementa, ao longo da obra, um entrecruzamento literário e musical, que se relaciona a uma concepção de racionalidade conduzida pela sensibilidade. Pretende mostrar, ainda, como a criação do narrador-personagem, Rodrigo S.M., se relaciona à posição da autora frente às concepções de sujeito e linguagem herdadas, em relação às quais ela opera uma desconstrução, o que estabelecerá uma relação entre a narrativa literária clariciana e a estratégia filosófica derridiana da desconstrução. Pretende-se mostrar, por fim, como podem ser pensados deslocamentos na atual concepção de decisão jurídica, a partir das reflexões oriundas dessas duas dimensões, a dimensão musical da e na linguagem e o desdobramento do sujeito entre autor e narrador-personagem em “A hora da estrela”.
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