A constituição da morte e o direito em pedaços no sertão nordestino
Palabras clave:
sertão, violência, tradição, direitos fundamentais.Resumen
“Abril despedaçado” é um livro de romance albanês escrito por Ismail Kadaré, sendo “Prilli i Thyer” o título original. A trama desenvolve-se numa região rural da Albânia, denominada Rrafsh, uma cadeia de montanhas ao Norte do país, num vilarejo em Shkodra, pelos idos de 1930. No filme, o jovem Gjorg Berisha ceifa a vida de Zef Kryeqyq com um tiro de fuzil, representando a quadragésima morte, numa disputa que já dura 70 anos, desde que um cidadão acolhido pelo clã dos Berisha é vítima dos Kryeqyq. A disputa de sangue entre os dois clãs é uma norma mandamental do Kanum, uma tradição corporificada pelo código moral que vigora a séculos, de boca em boca, nas montanhas albanesas, segundo a qual, a morte provocada por um membro de um clã, deve ser cobrada também com outra uma morte. O livro do albanês Kadaré inspirou o filme “Abril despedaçado”, dirigido por Walter Salles e adaptado por Karim Ainouz, ao contexto territorial rural brasileiro. Na adaptação do cineasta brasileiro são retratados os litígios envolvendo a questão fundiária entre duas famílias do interior do Nordeste do Brasil: os Breves e os Ferreira, em abril de 1910. Tudo seria apenas mais uma história de conflito de terras se a trama não retratasse uma disputa que arrastando-se ao longo de várias gerações, perfaz um sinistro ritual de sangue, na qual a reflexão sobre violência, tradição, direitos fundamentais e liberdade é sempre recorrente e inevitável.
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Citas
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