Direito e a metaficção “Black mirror”: justiça e vingança de mãos dadas com o “Urso branco”
Parole chiave:
Metaficção, Justiça, VingançaAbstract
Um dos grandes sucessos recentes no mundo das séries é Black Mirror. Obra de ficção científica lançada em 2011, apresenta-se no formato de antologia. O episódio selecionado para análise intitula-se White Bear. O motivo da escolha deve-se à sua temática abordar a complexa associação da vingança com a justiça. Categorizada como uma metaficção, a série emprega recursos para conectar o que o espectador assiste com a sua vivência real. Sob tais efeitos, o espectador é provocado a observar as formas que modelam a percepção do seu cotidiano. Essas construções são devidamente atribuídas ao campo do imaginário social. Dentre as formas imaginadas, destaca-se a que organiza a realização da própria justiça. Acolhida pelo imaginário encontra-se a opção de alcançá-la sob a égide do Estado e do Direito. Mas, a quebra dessa expectativa é suficiente para que a vingança retorne como regra de retaliação. Desde o universo mitológico, com seus heróis e heroínas vingativas, a vingança é um tema recorrente na história da humanidade. No entanto, inovam-se os meios de promovê-la. Objetiva-se, com a metaficção White Bear, analisar as formas de vingança potencializadas na sociedade do espetáculo com o compartilhamento de imagens pessoais (revenge porn) e de linchamentos nas redes sociais.
Downloads
Riferimenti bibliografici
BROWN, Michelle; RAFTER, Nicole. Criminology goes to the movies: Crime theory and popular culture. Nova Iorque: New York University Press, 2011. 227p
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, Parte Geral; 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.653p.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. 238p.
DURKHEIM, Émile. O Suicídio. Trad. Mônica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 552p.
DW BRASIL. Entrevista com o sociólogo Sérgio Adorno. “No Brasil muitos preferem vingança à aplicação de justiça. Disponível em: <http://www.dw.com/pt-br/no-brasil-muitos-preferem-vingança-à-aplicação-de-justiça/a-37064186>. Acesso em: 12 nov.2017.
EL PAÍS. Brasil tem um linchamento por dia, não é nada excepcional. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/07/09/politica/1436398636_252670.html>. Acesso em: 12 nov. 2017a
EL PAÍS. Tortura de jovem tatuado na testa foi feita para ser consumida nas redes. Disponível em: < https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/13/politica/1497374163_459335.html> Acesso em 12 nov. 2017b.
EL PAÍS. No hay perdón para Dolores Vásquez. Disponível em: <https://politica.elpais.com/politica/2013/06/02/actualidad/1370190300_472322.html > Acesso em: 12 nov. 2017c
EXTRA. Adolescente atacado por grupo de “justiceiros” é preso a um poste por uma trava de bicicleta, no Flamendo. Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/rio/adolescente-atacado-por-grupo-de-justiceiros-preso-um-poste-por-uma-trava-de-bicicleta-no-flamengo-11485258.html>. Acesso em 12 nov. 2017
FOLHA. Redes sociais empoderam indivíduos, mas viram nova praça de linchamento. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/04/1620518-redes-sociais-empoderam-individuos-mas-viram-nova-praca-de-linchamento.shtml> Acesso em: 11 nov. 2017
FOUCAULT, Michel. Os anormais. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 344p.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p.
GARCIA MARTÍNEZ, Alberto Nahum. El Espejo Roto: la metaficción en las series anglosajonas. Revista Latina de Comunicación Social, n. 64, p. 654-667, 2009
G1. GLOBO. Adolescente que teve testa tatuada é encontrado por amigos caminhando perto de casa, no ABC. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/adolescente-que-teve-testa-tatuada-e-encontrado-por-amigos-caminhando-perto-de-casa-no-abc.ghtml> Acesso em: 12 nov.2017a.
G1. GLOBO. Mulher espancada após boatos em rede social morre em Guarujá, SP. Disponível em:<http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html>. Acesso em: 12 nov. 2017b.
GROKSKREUTZ, Hugo Rogerio. Das teorias da pena no Ordenamento Juridico brasileiro.. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 77, jul 2010. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?artigo_id=7815&n_link=revista_artigos_leitura>. Acesso em 12 ago. 2017.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens. Uma breve história da humanidade. 23. ed. Porto Alegre: RS; L&PM, 2017. 464p.
MARTÍNEZ-LUCENA, Jorge; SOLA, Javier Cigüela. Screen Technologies and the imaginary of punishment: A reading of Black Mirror’s “White Bear”, Empedocles: European Journal for the Philosophy of Communication, 7:1, 2016, pp. 3-22, doi: 10.1386/ejpc.7.1.3_1
MARTINI, Siro M. A. De (Comp.). Em Defensa Del Derecho Penal. Buenos Aires: Educa, 2008.292p.
PRATES, Ciro ; MILANEZ, Nilton . O estereótipo do monstro: uma discussão sobre a monstruosidade e sua representação social. In: X Colóquio Nacional e III Colóquio Internacional do Museu Pedagógico, 2013, Vitória da Conquista. Produção do Conhecimento no limiar do século XXI: tendências e conflitos. Vitória da Conquista: Museu Pedagógico, 2013.
REICHMANN, B. T.. O que é metaficção? Scripta UNIANDRADE, v. 04, p. 331-349, 2006.
SHECAIRA, Sergio. Criminologia. 4. ed. rev e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
STRECK, Lênio. Por que precisamos de grandes narrativas no e do direito. In: NOGUEIRA, Bernardo G.B; SILVA, Ramon Mapa (orgs). Direito e Literatura. Por que devemos escrever narrativas? Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013.196p.
VARGAS LLOSA, Mario. A Civilização do espetáculo: Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. 208p.
WOOD, Amy Louise. Lynching and Spectacle: Witnessing Racial Violence in America, 1890-1940. The University of North Carolina Press, 2011. 368p.