AS (IM)POSSIBILIDADES DE VOZ DOS SUJEITOS INTERDITADOS NO DIREITO: IMAGENS DE CONTROLE E CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Parole chiave:
Direito e Literatura, Feminismo Negro, Conceição Evaristo, Narrativas processuais.Abstract
O artigo tem por escopo o diálogo entre Direito e Literatura tendo como centro as mulheres negras nos contos de Conceição Evaristo. Utilizamos os referenciais teóricos encontrados na obra de Grada Kilomba e Patricia Hill Collins para pensar o racismo enquanto trauma e sua consequente interdição de subjetividades, mas também, especificamente no caso das mulheres negras, como a dinâmica de resistência às imagens de controle mobilizam estratégias de autodefinição e autoavaliação. Assim, buscamos investigar como o processo de abertura e escuta das feridas de modo a criar condição de visibilidade aos traumas historicamente silenciados configurados num sistema-violência, meio constante da literatura da escritora brasileira Conceição Evaristo pode contribuir para a produção e análise do Direito e seus apetites regulatórios.
Downloads
Riferimenti bibliografici
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo. Sueli Carneiro: Pólen Livros, 2019.
CASTIGOS FÍSICOS E LEGISLAÇÃO. In: Dicionário da Escravidão e Liberdade: 50 textos críticos. Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras,2018. p. 144
CÓDIGO PENAL ESCRAVISTA E ESTADO. In: Dicionário da Escravidão e Liberdade: 50 textos críticos. Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras,2018. p. 163.
COLLINS, Patricia Hill. “Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento”. Trad. Jamille Pinheiro Dias. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2019. (Em inglês, Black feminist thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. Nova York/Londres, Routledge, 1990).
________. Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Sociedade e Estado, 31(1), 99-127. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922016000100006
DUARTE, Eduardo Assis. Rubem Fonseca e conceição Evaristo: olhares distintos sobre a violência. In: Cecil Jeanine Albert Zinani; Salete Rosa Pezzi dos Santos. (Org.). Trajetórias de literatura e gênero. 1ªed. Caxias do Sul: EDUCS, 2016, v. 1, p. 25- 36.
CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.
EVARISTO, Conceição. Da representação à auto-apresentação da Mulher Negra na Literatura Brasileira. Revista Palmares, v. 1, p. 52-57, 2005.
________. Conceição. Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. Diss. Mestrado em Literatura brasileira- Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 1996.
________. Conceição. Olhos d’água. 1 ed. Rio de Janeiro: Pallas: Fundação Biblioteca Nacional.2016.
_________. Conceição. Insubmissas Lágrimas de Mulheres. Rio de Janeiro: Malê, 2016.
_________. Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza, 2003.
_________. Conceição. Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. Publicado no livro Representações Performáticas Brasileiras: teórias, práticas e suas interfaces. (org) Marcos Antônio Alexandre, Belo Horizonte, Mazza Edições, 2007, p 16-21. Disponível em: < http://nossaescrevivencia.blogspot.com/2012/08/da-grafiadesenho-de-minha-mae-um-dos.html
FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão : o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006. 145 f. Dissertação (Mestrado em Direito)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
¬¬¬¬¬¬¬¬_________. As fronteiras raciais do genocídio. In: Revista de Direito da Universidade de Brasília. v.1, n.1, Brasília, 2014.
GRINBERG. Keila.
HOOKS, bell. Pensar como feminista, pensar como negra. Trad. Cátia Bocaiúva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019 (Em inglês, Talking Back: Thinking Feminist, Thinking Black.Nova York/ Londres. Routlegde, 1989).
KILOMBA, Grada. Memórias de Plantação. Episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. 1 ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
MEMÓRIAS DO CATIVEIRO. In: Dicionário da Escravidão e Liberdade: 50 textos críticos. Lilia Moritz Schwarcz e Flávio dos Santos Gomes. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras,2018. p. 307.
MACAULY,Fiona, MARTINS, Juliana e, PINHEIRO, Marina Pinheiro. Princípios Pedagógicos para a Formação Policial em Violência de Gênero. In: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2018. Disponível em: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2018/05/FBSP_Formacao_Policial_Violencia.Genero_port_2018.pdf
RIBEIRO, D. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. Narrar o trauma: a questão dos testemunhos de catástrofes históricas. Psicologia clínica, v, 20, n. 1, 2008, pp. 65 – 82.
SCHMIDT, Simone Pereira. Traduzindo a memória colonial em português: raça e gênero nas literaturas africanas e brasileira. Anuário de Literatura, v. 18, p. 99-114, 2013.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. 1.ed. São Paulo: Companhia das Letras,2019.