A sujeição criminal dos profissionais do sexo: uma análise da música “Garoto de aluguel”, de Zé Ramalho, sob a ótica da teoria de Michel Misse

Auteurs

  • Cristina Grobério Pazó Faculdades de Direito de Vitória
  • Rosaly Stange Azevedo Faculdades de Direito de Vitória

Mots-clés :

abolicionismo, direitos trabalhistas, Michel Misse, profissionais do sexo, prostituição.

Résumé

O presente artigo tem por objetivo analisar as diversas e ambíguas identidades dos profissionais do sexo, presentes na referência do personagem da música “Garoto de aluguel” de Zé Ramalho, utilizando como base teórica a tese de doutorado de Michel Misse. Nesta perspectiva, busca-se demonstrar a necessidade de revisão do entendimento majoritário adotado pelos Tribunais do Trabalho, o qual não reconhece quaisquer direitos trabalhistas aos profissionais do sexo, ao fundamento de que são atividades contrárias à moral e aos bons costumes, colocando-os à margem do processo de normalização em razão de sua sujeição criminal. Para tanto, apresenta reflexões acerca das quatro concepções sobe a natureza jurídica da prostituição: proibicionista, abolicionista, regulamentarista e trabalhista ou laboral, demonstrando que a visão regulamentarista que permeia as decisões judiciais encontra-se superada desde a ratificação da Convenção de 1951. Conclui que não se pode aplicar a legislação que proibe a exploração sexual de mulheres como argumento para negar os seus direitos trabalhistas, sob pena de produzir-se uma violação ainda maior: a negação do acesso à Justiça.

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Bibliographies de l'auteur

Cristina Grobério Pazó, Faculdades de Direito de Vitória

Doutora em Direito pela Universidade Gama Filho. Docente da FDV - Faculdades de Direito de Vitória. Brasil. Advogada

Rosaly Stange Azevedo, Faculdades de Direito de Vitória

Mestranda em Direito pela Faculdade de Direito de Vitoria; Juíza Substituta do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região

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Publiée

2016-07-18

Numéro

Rubrique

GT 1