O direito humano à alimentação adequada no diálogo entre Euclides da Cunha e Josué de Catro
Parole chiave:
direito humano à alimentação, Euclides da Cunha, Josué de Castro.Abstract
O presente objetiva analisar, a partir de um diálogo das obras de Euclides da Cunha e de Josué de Castro, a temática da fome e seus desdobramentos na construção e no reconhecimento do direito humano à alimentação adequada. Josué de Castro, sobre a fome, especificamente na região nordeste do país, já discorreu que ela não atua apenas sobre os corpos das vítimas da seca, consumindo sua carne, corroendo seus órgãos e abrindo feridas em sua pele, mas também atua sobre seu espírito, sobre sua estrutura mental, sobre sua conduta moral. Há que se destacar que nenhuma calamidade pode desagregar a personalidade humana tão maciçamente e num sentido tão nocivo quanto à fome, quando alcança os verdadeiros limites da inanição. Sobre a influência da imperiosa necessidade de se alimentar, os instintos primários são despertados e o homem, como qualquer outro animal faminto, demonstra uma conduta mental que pode parecer das mais desconfortantes. Ora, há que reconhecer que o diálogo entre os autores supramencionados, no território nacional, materializou os primeiros debates sobre temática, materializando, posteriormente, marcos de reconhecimento do direito à alimentação, culminando, inclusive, em conjunto com a Cúpula de Roma, na positivação de tal direito no Texto Constitucional, no artigo 6º.
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